Bare, Uma Pop Ópera

Bare, uma Pop Ópera tem a alma do off-Broadway: rebelde, alternativa, com recursos limitados, mas compensando com entrega artística e autenticidade. É melhor do que eu esperava, mas definitivamente não é pra todo mundo.

Com classificação etária de 16 anos, a produção trata de temas sensíveis como drogas, s&xo, álcool e religiosidade estão presentes de forma direta. A trama se desenrola dentro de uma escola católica e gira em torno de um casal gay enfrentando as tensões entre desejo, culpa e repressão. A religião é um personagem à parte, presente em quase todas as decisões e conflitos. É um roteiro forte, bem amarrado, que prende — mas não é pra todo mundo.

O cenário é simples, mas funcional e criativo. Um grande cubo com rodinhas, que ao ser movido marca a mudança de ambiente. Dois outros elementos se alternam entre arquibancada e cama, reforçando a versatilidade do espaço. Nada de grandes efeitos ou sofisticação — tudo está ali para servir à história, e cumpre bem esse papel.

Um ponto que merece destaque é o desenho de luz. Com um cenário minimalista, a iluminação assume protagonismo. E faz isso com competência: cada cena ganha camadas e intensidade com o uso da luz, que guia o olhar e dá o tom emocional do espetáculo.

Os figurinos seguem a mesma lógica da produção: simples, mas bem pensados. A maior parte do elenco está em uniforme escolar, e mesmo com poucas trocas de roupa, a qualidade é visível. Um momento especial — a cena de “Nossa Senhora” com as backing vocals — mostra um cuidado em construir um figurino para quem vai usá-lo. Pode parecer algo óbvio, mas não é raro ver figurinos feitos para um corpo genérico, que acabam não vestindo bem. Aqui, dá pra perceber o cuidado em respeitar e valorizar cada corpo em cena.

Bare, uma ópera pop, entrega uma experiência honesta e bem construída. Não é para todos, e nem tenta ser. Mas, se você estiver aberto a temas complexos e intensos, é uma produção que vale a pena conferir.

Trecho da Produção