
Antes da review, contexto: é uma adaptação de um musical conhecido, realizada de forma independente — sem leis de incentivo, em um teatro de porte razoável e com poucas sessões. Ou seja, é um projeto ambicioso, com uma clara dedicação pra fazer acontecer, mas com pouco espaço para ajustes finos.
O musical traz uma versão mais densa da história popularizada pela Disney. O roteiro traz um drama humano, sem floreios ou finais felizes. A narrativa é mais crua — e por isso mesmo, toca de um jeito diferente.
O cenário é simples, mas bonito e engenhoso. Um fundo fixo representa a catedral de Notre Dame, com um vitral iluminado que cumpre bem seu papel. Alguns elementos móveis ajudam a compor as cenas e a guiar o olhar do público.
Os figurinos são bem feitos e ajudam a contar a história visualmente.
O desenho de luz no geral acerta, mas tem seus deslizes. Em diversos momentos a luz enriquece e traz uma camada extra de complexidade às cenas. Em outros o foco parece mal ajustado, ou a luz cria sombras nos rostos que escondem as expressões dos artistas.
Mas no geral a combinação cenografia e luz criam cenas bonitas, e visualmente interessantes.
O ponto alto da produção é a qualidade do elenco. A entrega dos atores impressiona — tanto na atuação quanto na qualidade vocal. Um destaque é o coro no palco, que adiciona intensidade e emoção às cenas. A direção de movimento é bem realizada, trazendo uma fluidez que dá ritmo à narrativa. Mesmo o movimento do coro é muito bem desenhado e incorporado às cenas.
No fim das contas, Sons de Notre Dame entrega algo parecido com o que você veria no 033 Rooftop, mas em um palco italiano. É uma produção que, apesar dos tropeços técnicos, tem alma, tem intenção e tem qualidade. É um espetáculo sincero, bem conduzido e com um elenco que realmente merece ser visto.
PS: Tem 90 minutos, e ingressos são mais baratos do que produções similares.