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  • Alice de Cor e Salteado

    O teatro está em formato arena, com a plateia distribuída nos quatro lados do palco. Não há lugares marcados: ao entrar, você recebe uma carta que indica o setor, o que ajuda a organizar um pouco, mas não elimina aquele clássico “tem alguém aqui?” ou “tem dois lugares aí?”.

    Enquanto a platéia se acomoda, o elenco já está em cena. A música ambiente nesse momento cria um clima curioso — lembra um suspense sci-fi. Enquanto o público encontra seus lugares, pequenas cenas acontecem em paralelo. Em uma delas, alguém da produção oferece chá para a plateia. Um gesto simples, mas que aproxima. Infelizmente, o chá acabou antes de chegar onde eu estava.

    A produção me surpreendeu. É uma experiência sensorial, cuidadosamente pensada.

    A narrativa usa o livro de Alice no País das Maravilhas como metáfora, reinterpretando passagens conhecidas da obra para contar uma história profunda com temas sensíveis. Os momentos em “Wonderland” ajudam a suavizar o enredo, criando uma camada poética e complexa ao mesmo tempo.

    A cenografia é minimalista, mas inteligente e bem construída. A iluminação — apesar de limitada pela estrutura do teatro — contribui para criar atmosferas marcantes.

    O detalhe: o formato arena faz o elenco sempre se mover para ser visto por todos os lados. Por vezes isso formava sombras no rosto do elenco, o que dificultou um pouco a leitura das expressões.

    Mas o que realmente se destaca é o movimento. As coreografias são bem construídas e ajudam a dar vida ao país das maravilhas. Para além da dança, há um cuidado constante com o gesto, o deslocamento, a intenção. A movimentação cênica se alia à dramaturgia de forma natural, e o resultado é uma narrativa que prende tanto pela estética quanto pelo conteúdo.

    Um destaque especial vai para a cenografia do teto: uma instalação feita com livros que impressiona pela delicadeza e simbolismo. Um detalhe que pode passar despercebido, mas que enriquece ainda mais a experiência.

    Apenas 90 minutos, com um valor de ingresso mais acessível do que outras produções. Vale super a pena.

    Trailer da Produção

  • Dom Casmurro

    Eu sempre tive um carinho especial por Dom Casmurro. Quando vi que a obra ia virar musical, confesso que fiquei em dúvida. Era uma mistura de medo – aquele receio de que pudessem distorcer uma história tão querida – com a curiosidade de ver como traduziriam a essência do livro em um musical.

    Dom Casmurro, o Musical é o tipo de espetáculo que mostra o que pode acontecer quando artistas talentosos se dedicam a criar algo único.

    O cenário é simples, mas bem pensado: um fundo que parece um papel de parede desgastado (ou uma capa de livro antigo), com cadeiras que dão o tom do ambiente. Mas o que realmente te faz mergulhar na história são o desenho de luz e a direção de movimento. É incrível como essas duas coisas, sem grandes efeitos ou pirotecnia, conseguem construir as cenas com tanta profundidade. A morte de Escobar, em especial, é representada com uma coreografia cheia de significado.

    O roteiro e as músicas acrescentam novas nuances à narrativa, preservando o que há de mais genuíno na obra original.É perceptível o cuidado que tiveram em manter a ambiguidade da obra original. A maneira como os personagens ganham vida é rica e bem construída, tudo feito com respeito à complexidade do romance.

    Quanto ao elenco, todos estão em sintonia. Cada ator entrega seu personagem com autenticidade, fazendo você enxergar as emoções deles de forma clara e envolvente. A mistura de romance, humor e drama flui naturalmente, tornando o espetáculo leve e prazeroso.

    Por último mas não menos importante: Dom Casmurro tem preços muito acessíveis. Não só é uma excelente opção, como também tem um ótimo custo-benefício. Só vai, e me agradece depois!!

    Matéria Sobre a Produção

  • Os Sons de Notre Dame

    Antes da review, contexto: é uma adaptação de um musical conhecido, realizada de forma independente — sem leis de incentivo, em um teatro de porte razoável e com poucas sessões. Ou seja, é um projeto ambicioso, com uma clara dedicação pra fazer acontecer, mas com pouco espaço para ajustes finos.

    O musical traz uma versão mais densa da história popularizada pela Disney. O roteiro traz um drama humano, sem floreios ou finais felizes. A narrativa é mais crua — e por isso mesmo, toca de um jeito diferente.

    O cenário é simples, mas bonito e engenhoso. Um fundo fixo representa a catedral de Notre Dame, com um vitral iluminado que cumpre bem seu papel. Alguns elementos móveis ajudam a compor as cenas e a guiar o olhar do público.

    Os figurinos são bem feitos e ajudam a contar a história visualmente.

    O desenho de luz no geral acerta, mas tem seus deslizes. Em diversos momentos a luz enriquece e traz uma camada extra de complexidade às cenas. Em outros o foco parece mal ajustado, ou a luz cria sombras nos rostos que escondem as expressões dos artistas.

    Mas no geral a combinação cenografia e luz criam cenas bonitas, e visualmente interessantes.

    O ponto alto da produção é a qualidade do elenco. A entrega dos atores impressiona — tanto na atuação quanto na qualidade vocal. Um destaque é o coro no palco, que adiciona intensidade e emoção às cenas. A  direção de movimento é bem realizada, trazendo uma fluidez que dá ritmo à narrativa. Mesmo o movimento do coro é muito bem desenhado e incorporado às cenas.

    No fim das contas, Sons de Notre Dame entrega algo parecido com o que você veria no 033 Rooftop, mas em um palco italiano. É uma produção que, apesar dos tropeços técnicos, tem alma, tem intenção e tem qualidade. É um espetáculo sincero, bem conduzido e com um elenco que realmente merece ser visto.

    PS: Tem 90 minutos, e ingressos são mais baratos do que produções similares.

  • Mamma Mia

    Mamma Mia esgotou antes de eu comprar ingressos, por isso vamos testar esse formato e fazer uma review colaborativa. Começando com um muito obrigada a todo mundo que me enviou feedbacks!!

    Vamos lá!

    É uma história que tem uma carga afetiva e músicas icônicas, o que facilita o envolvimento com a produção. Muita gente adorou 💕, mas nem todo mundo. Isso costuma acontecer quando a produção faz “o básico certo”, mas olhos mais treinados, ou fãs da história, conseguem pegar os tropeços e oportunidades perdidas.

    Muitos saíram encantados, elogiando a energia contagiante do elenco e destacando como o espetáculo é vibrante, mesmo para quem assiste de longe (balcão). Mas também houve quem esperasse mais, principalmente quem conhece bem a história ou tem olhar mais crítico. Um exemplo comentado foram as coreografias, que em certos momentos pareceram esvaziadas.

    Cenografia e figurinos são bonitos e cumprem seu papel, como o esperado de uma produção desse porte. Cenografia não é complexa, e parece ser uma área com oportunidades perdidas na produção. Visualmente, o musical não parece surpreender, mas também não decepciona.

    Um ponto que gerou opiniões divergentes foi o trabalho de versão, especialmente das canções. Enquanto algumas pessoas adoraram o resultado, outras sentiram que se perdeu parte do significado original. Houve comentários de que palavras não se encaixaram perfeitamente, tornando algumas canções difíceis de assimilar. Um ponto específico foi a perda de contexto da faixa “Chiquitita”, que, segundo relato, comprometeu o sentido de solidariedade e sororidade que a versão original transmite. Como também teve o feedback de que no geral “ideia e o sentimento foram mantidos”, o que eu tiro disso é que tem o aspecto natural da subjetividade de como cada um interpreta canções no geral.

    Em resumo, Mamma Mia desperta reações mistas: tem quem ache perfeito e se divirta muito, e tem quem se decepcione com alguns aspectos da execução. Minha sugestão é: se tiver a chance de assistir, vá, mas sem criar grandes expectativas. Você provavelmente vai curtir a experiência, só não espere algo inesquecível.

  • Bare, Uma Pop Ópera

    Bare, uma Pop Ópera tem a alma do off-Broadway: rebelde, alternativa, com recursos limitados, mas compensando com entrega artística e autenticidade. É melhor do que eu esperava, mas definitivamente não é pra todo mundo.

    Com classificação etária de 16 anos, a produção trata de temas sensíveis como drogas, s&xo, álcool e religiosidade estão presentes de forma direta. A trama se desenrola dentro de uma escola católica e gira em torno de um casal gay enfrentando as tensões entre desejo, culpa e repressão. A religião é um personagem à parte, presente em quase todas as decisões e conflitos. É um roteiro forte, bem amarrado, que prende — mas não é pra todo mundo.

    O cenário é simples, mas funcional e criativo. Um grande cubo com rodinhas, que ao ser movido marca a mudança de ambiente. Dois outros elementos se alternam entre arquibancada e cama, reforçando a versatilidade do espaço. Nada de grandes efeitos ou sofisticação — tudo está ali para servir à história, e cumpre bem esse papel.

    Um ponto que merece destaque é o desenho de luz. Com um cenário minimalista, a iluminação assume protagonismo. E faz isso com competência: cada cena ganha camadas e intensidade com o uso da luz, que guia o olhar e dá o tom emocional do espetáculo.

    Os figurinos seguem a mesma lógica da produção: simples, mas bem pensados. A maior parte do elenco está em uniforme escolar, e mesmo com poucas trocas de roupa, a qualidade é visível. Um momento especial — a cena de “Nossa Senhora” com as backing vocals — mostra um cuidado em construir um figurino para quem vai usá-lo. Pode parecer algo óbvio, mas não é raro ver figurinos feitos para um corpo genérico, que acabam não vestindo bem. Aqui, dá pra perceber o cuidado em respeitar e valorizar cada corpo em cena.

    Bare, uma ópera pop, entrega uma experiência honesta e bem construída. Não é para todos, e nem tenta ser. Mas, se você estiver aberto a temas complexos e intensos, é uma produção que vale a pena conferir.

    Trecho da Produção

  • Uma Babá Quase Perfeita

    Uma Babá Quase Perfeita é o tipo de musical que aquece o coração e entrega um final que, embora não seja de conto de fadas, parece na medida certa. A premissa da história pode ser absurda, mas o roteiro trata de conflitos e dilemas comuns no dia a dia, o que facilita o envolvimento com a história.

    Normalmente não sou fã de textos adaptados, costumo ter a sensação de não ser tão natural quanto em obras originais em português. Não senti isso em Uma Babá Quase Perfeita. Acredito que seja o efeito combinado da produção não ter músicas icônicas super conhecidas, aliado a um ótimo trabalho de versão.

    A coreografia impressiona, muito bem construída e executada. Algumas cenas possuem um “caos” organizado que traduzem bem o clima do momento. Porém, na cena do lançamento da marca de roupa, embora seja divertida, me causou uma estranheza leve: a protagonista exibe uma habilidade de ballet que não condiz muito com a construção da personagem até ali. Só preciosismo, não impacta a história, mas me chamou atenção por não ser algo sugerido na narrativa.

    Um grande destaque é o cenário, que apresenta diversos ambientes cuidadosamente planejados, cada um repleto de detalhes que enriquecem a narrativa.

    Na sessão que assisti a iluminação não estava totalmente afinada…os focos pareciam um pouco fora de lugar em algumas cenas. Nada que estrague a experiência, mas reduziu um pouco do impacto visual.

    Os figurinos seguem uma proposta bem cotidiana, quase imperceptível de tão bem resolvidos. Há inúmeras trocas de roupas, e sempre muito interessantes apesar de serem “comuns”.

    No geral, Uma Babá Quase Perfeita diverte, emociona e desperta aquela nostalgia gostosa do filme que todo mundo ama. Super recomendo e está na minha listinha de “Top em Cartaz”.

    Número da Adaptação do Brasil

    Número da Versão da Broadway

  • Wicked

    Wicked é cativante. Possui uma narrativa envolvente, contada através de uma produção grandiosa. O cenário impressiona por sua complexidade e riqueza de detalhes. Entre coreografias dinâmicas, figurinos bem construídos e um elenco maravilhoso… É uma parada obrigatória para todo amante de musicais.


    Impossível não amar Wicked. A história é linda, atemporal, divertida e ainda faz você refletir. Em cartaz há mais de 20 anos na Broadway, chega agora à sua terceira temporada no Brasil, a produção continua evoluindo e conquistando o público.

    A produção é rica em detalhes: é perceptível como tudo foi cuidadosamente planejado e executado. Geralmente, as produções sempre tem algum elemento onde apostam em algo “simples, mas bem feito”. Já em Wicked, tudo é complexo, dinâmico e perfeitamente alinhado, transformando o musical em uma experiência única.

    A única parte que me desagradou foi a projeção do Mágico. Em outras produções, ele surge como uma cabeça gigante que transmite aquela sensação de algo mecânico e pouco natural. Nesta versão, o Mágico é projetado em tons alaranjados sobre uma estrutura cinza arredondada, por algum motivo me lembrou o Zordon de “Power Rangers”. Foi a única escolha de cenário que achei discutível, especialmente por ser um elemento tão central (mesmo aparecendo por pouco tempo). Em contrapartida, vale destacar como o palco traz duas grandes estruturas laterais para representar Shiz e Oz, tudo muito bem construído, contribuindo para a grandiosidade da montagem.

    No geral, Wicked está maravilhoso e imperdível pra qualquer fã de musical. Especialmente, é uma produção que vale a pena não apenas ser vista, mas ser apreciada. Os cristais iluminados na árvore, os detalhes do cenário de Oz, a estampa do uniforme de Shiz, o dinamismo da coreografia. A temporada é curta para uma produção desse porte, então vale a pena garantir seus ingressos antes que acabem.

    Para quem adquiriu o ingresso esmeralda, há um tour guiado de cerca de 10 minutos pelo palco antes do início do espetáculo. São grupos pequenos e a experiência permite ver de perto detalhes do cenário que não são visíveis da plateia, mas não é permitido fotografar ou filmar.

    Logística: chegue cedo para evitar transtornos. Tem fila pra tudo, a maior segredo a do programa de fidelidade. Ingresso esmeralda é “liberado” após o tour, ou seja, se você estiver no fim da fila esmeralda, terá pouco tempo no saguão antes do espetáculo. Se planeje!!

  • Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum

    Com letras de Stephen Sondheim, a montagem traz o clássico de 1962 com humor leve e timing perfeito do elenco. O cenário fixo ganha vida graças a movimentações ágeis e iluminação moderna. Ideal para quem busca uma experiência de teatro musical descontraída.


    Uma coisa engraçada aconteceu a caminho do fórum é uma adaptação de uma produção de 1962, com letras de Stephen Sondheim, um dos grandes nomes do teatro musical. Algumas obras resistem ao teste do tempo, não tenho certeza se essa é uma delas.

    A peça traz aquele humor fácil, uma mistura de Trapalhões com Sessão da Tarde, cheia de piadas com trocadilhos e perseguições onde cada personagem corre para um lado. Mesmo que você já tenha visto esse tipo de cena mil vezes (e rido em todas), a plateia se diverte do início ao fim. É interessante notar como a luz da plateia permanece parcialmente acesa, o que parece estimular ainda mais essa atmosfera de riso contagiante. Essa energia é mantida graças a um elenco que domina o timing de comédia.

    O cenário é fixo, formado por três casas caricatas, inspiradas na Roma Antiga. Apesar disso, ele ganha dinamismo com um desenho de luz muito bem elaborado, que em determinados momentos recorre a neons para criar um ar moderno.

    A direção de movimento merece destaque: com tanta gente entrando e saindo de cena, fica claro que é tudo muito bem pensado. Tem pouca coreografia, mas muito bem construída e executada.

    Agora o mas…

    A história se passa na Roma antiga: um jovem se apaixona por uma meretriz que foi vendida a um capitão do exército. Pseudolus, escravo do rapaz (interpretado por Falabella), promete ajudá-lo a ficar com ela, em troca da própria liberdade.  O aspecto cômico vem das confusões e mentiras criadas por Pseudolus em busca de seu objetivo. Embora a plateia se divirta bastante, se você não se sente à vontade vendo esse tema abordado de forma cômica, essa produção não é pra você.

    Costumo não recomendar produções que tragam algum tipo de ressalva. Fica a dica, é um clássico, se o enredo não te incomodar, acredito que você vá se divertir bastante.

    Número da Produção

  • Rocky, o Musical

    A produção de Rocky encanta pela qualidade da performance do elenco e lugar de destaque da orquestra. O cenário, no geral minimalista, surpreende ao se transformar em um ringue. A cena da luta é um momento de grande impacto, realçando a criatividade e aforça da produção.


    Antes de Rocky, vale mencionar que eu não gosto do formato imersivo do 033 Rooftop. Dividir uma mesa pequena com desconhecidos, além de desconfortável, é meio constrangedor. A proximidade com o elenco é maravilhosa, mas a logística da platéia não me agrada. Agora vamos ao que interessa!

    —-

    Rocky é uma história conhecida e amada, interpretada por um elenco super talentoso. Ou seja, é bom, mas confesso que é diferente do que eu esperava.

    A orquestra fica em evidência no palco!!! Esse é sempre um ponto positivo, pois acompanhar os músicos tocando ao vivo traz uma sensação única de conexão com o espetáculo.

    O formato naturalmente limita o espaço para cenários grandiosos, mas Rocky adotou um minimalismo quase “extremo”, contando com um armário, o ringue e duas cadeiras. Para complementar, existem três telões que enriquecem as cenas.

    Os telões têm usos diferentes: às vezes são só pano de fundo (como a chuva, ou ambientação) e, em outros momentos, são parte central da história, como a transmissão pela TV de entrevistas com o Rocky.

    Minha estratégia de sentar na frente do palco não deu muito certo, pois não conseguia ver diretamente nenhum dos telões, precisava alternar o olhar entre o palco e as telas. Cadeiras laterais ou diagonais, que permitem ver palco e telões ao mesmo tempo, talvez sejam mais interessantes.

    A cena da luta em si é fantástica. A montagem explora o espaço com criatividade e o ringue ganha vida de um jeito que realmente empolga. Essa parte gera aquela sensação gostosa de ansiedade e envolvimento.

    Um ponto curioso é que no decorrer da produção você se acostuma com o formato mais lúdico gerado pela simplicidade do cenário. Quando chega na cena da luta, o fato de montar o ringue em si já traz um grande impacto. Que aumenta muito a intensidade da cena.

    Ponto interessante: muitas famílias assistindo juntas, pais com filhos curtindo bastante. Achei legal esse clima de diferentes gerações no público.

    No fim das contas, tenha em mente que a experiência é muito sobre a excelente performance do elenco. Se você tiver oportunidade, vale a pena conferir.

  • Meninas Malvadas

    Meninas Malvadas supera as expectativas em todos os aspectos!! Os cenários são inovadores e o uso de telões acrescenta ainda mais energia à trama. Cada personagem brilha sem cair em estereótipos, trazendo muito humor e dinamismo ao palco. É uma produção moderna que mantém a essência divertida e crítica de Tina Fey. É uma experiência obrigatória para fãs de musicais e de Meninas Malvadas!!!


    Meninas Malvadas é uma das melhores adaptações que já vi. Isso é resultado de diversos fatores, mas destaque para cenário e elenco. Foi a primeira vez em que não vi o enorme espaço do Teatro Santander “engolir” uma produção de alguma forma.

    Tudo no espetáculo está muito bem  feito, mas o que me chamou mais atenção é o cenário. Cada elemento foi construído com cuidado, e a movimentação dos elementos no palco aumenta o efeito dramático das cenas. Uma novidade interessante em Meninas Malvadas é o uso do videos como parte integral da cenografia. O fundo do palco é uma enorme tela de alta resolução, criando uma dinâmica diferente e envolvente. E, já que o texto aborda também o universo das redes sociais, a projeção dos vídeos traz uma camada adicional que complementa as cenas no mundo “real”, permitindo mostrar claramente os impactos dos acontecimentos no ambiente digital.

    Os vídeos são muito bem desenvolvidos, destacando-se em diferentes momentos da peça: da casa ao colégio, incluindo ainda animações em cartoon ou vídeos com estilos próprios. Tudo isso contribui diretamente para dar mais contexto e profundidade à narrativa. (Adicionei uma imagem extra com foco no cenário)

    Confesso que esperava uma coreografia mais elaborada, mas, em compensação, a direção de movimento geral surpreende. Tanto o elenco quanto os elementos cênicos se encaixam perfeitamente, tudo no timing certo.

    O elenco impressiona pela diversidade e pela qualidade de interpretação. Dá realmente para sentir o ambiente de um colégio ganhando vida no palco. Para quem ama o filme original de Meninas Malvadas (e especialmente do filme musical de 2024), essa montagem se mostra fiel ao humor característico de Tina Fey e traz essa assinatura para o público brasileiro.

    Vale destacar também a condução impecável da direção. É perceptível o quanto a produção — com todas as exigências de uma obra licenciada e a responsabilidade de trabalhar em um time grande de criativos — conseguiu alcançar uma sincronia rara. Coreografia, figurino, cenografia desenho de luz e demais elementos se fundem sem que você perceba onde termina um e começa o outro. Super recomendo!

    Número do Musical