Torto Arado

Com sessões que esgotam no dia da abertura das vendas, Torto arado é um inegável sucesso. Adaptado do livro homônimo, é um excelente exemplo de produção nacional de qualidade. Mas não é pra todo mundo.

O cenário e a iluminação são simples, mas funcionam bem dentro da proposta. Já o figurino chama atenção: mesmo ao retratar roupas humildes é interessante, bem construído e com clara atenção aos detalhes.

O roteiro retrata a trajetória de duas irmãs negras no sertão brasileiro. A história mergulha em temas como ancestralidade, desigualdade social, opressão e resistência. É um roteiro denso, com momentos leves no início, mas que logo mergulha fundo nos conflitos e violências que os personagens enfrentam. A narrativa vai ganhando peso — e não dá muito espaço para o público respirar. É o tipo de espetáculo que te faz sair da sala com o estômago revirado, o que é coerente com a história que se propõe a contar.

A qualidade do elenco impressiona. A atuação segura, somada ao trabalho vocal de qualidade, sustenta o peso da história. A produção emociona mais pela entrega do que por qualquer elemento técnico mais elaborado.

Não é pra todo mundo, mas quem gostar da sinopse vai gostar muito da produção.

PS: Não sei se é da produção ou do teatro, mas a temporada Sesc são 2h20 sem intervalo.

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